quinta-feira, 3 de junho de 2010

Memorial de Lauriene Quinelato




Quando criança ouvia várias histórias que minha mãe e meu pai contavam como: Chapeuzinho vermelho, João e Maria entre outras, mas era história que minha família já conhecia através dos meus avós. Minha mãe é alfabetizada, já meu pai só consegue assinar o próprio nome.

Acho que daí foi que surgiu a vontade de ser alguém na vida, acredito até mesmo para ajudá-los.

Sou a caçula, somos três (Lauricene, José Humberto e eu) com diferença enorme de idade, entre eu e meu irmão são dezoito anos.

Sempre fui à princesa da casa, participava de todos os eventos da escola e na sociedade. Arrumava-me com os mais belos vestidos, salão tudo para sua filhinha ‘brilhar’.

O grupo de amigas era de classe média/alta, então tive sempre tudo: roupas, brinquedos, sandálias tudo o que uma adolescente podia imaginar. Mas a crise financeira veio e tudo mudou, já não dava para fazer um cursinho e tentar vestibular na Federal, afinal financeiramente a crise havia chegado na família.

Como sou falante de mais achei que deveria fazer comunicação, mas isso não foi possível então fui FAFIA, em Alegre, no curso de letras. Foram quatro anos de idas e vindas fazendo um percurso de estradas perigosas, pois morava em Muniz Freire e estudava em Alegre.

Em 1998 terminei a faculdade, minha família ficou toda orgulhosa, pois afinal era o sonho realizado da minha mãe e de meu pai.

Foi então que comecei a trabalhar na APAE, de Muniz Freire, eu tinha magistério e podia ser professora fiquei por nove anos de muito amor e dedicação, esqueci até da minha formação de Língua Portuguesa.

Hoje trabalho em duas escolas estaduais no Liberal Zandonadi (7ª/8ª) e no Fioravante Calimam (1ºM/3ºM), tenho alunos que criticam, justificam, questionam amam e odeiam os estudos.

Em dezesseis anos de experiência o coração vai abrandando, com as angústias e a rapidez que o tempo amadurece e perseverança que Deus coloca para cada um de nós.

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