terça-feira, 15 de dezembro de 2009

LITERATURA NA ESCOLA BÁSICA



O QUE PENSO ENQUANTO LEIO - LITERATURA NA ESCOLA BÁSICA

Professora Elisa Alves


"Ler não é decifrar, como num jogo de adivinhações, o sentido de um texto. É, a partir do texto, ser capaz de atribuir-lhe significação, conseguir relacioná-lo a todos os outros textos significativos para cada um, reconhecer nele o tipo de leitura que seu autor pretendia e, dono da própria vontade, entregar-se a esta leitura, ou rebelar-se contra ela, propondo outra não prevista."
Marisa Lajolo



INTRODUÇÃO





A leitura pode ser uma das atividades mais prazerosas da escola, embora enfrentemos aí um problema cultural. Afinal, a moda é fazer sempre o mais fácil e isto a leitura, decididamente, não é pois, além do esforço da decodificação dos signos linguísticos, há ainda, muitas vezes, a necessidade de se usar a imaginação, de se perceber as emoções dos personagens e as intenções dos escritores.
O que dá prazer é sentir-se dialogando com quem escreveu. E nesse sentido, quem lê é também um pouco autor. Suas ideias entram em acordo ou em desacordo com as do autor, e os dois se sintonizam ou entram em debate, silenciosamente, no momento íntimo e livre da leitura.
Sim, livre. Este é outro aspecto ligado ao prazer. Por mais que nossa história nos lembre das provas que fizemos sobre os livros que lemos, todos sabemos que pudemos – e podemos – decidir como, quando e o quanto ler. Bem, e talvez não seja muito bonito admitir mas, muitos de nós fugimos de muitos livros recomendados por nossos professores. Pois é. Por mais que tentem – ou que tentemos – prender e controlar, há uma grande margem de liberdade na leitura. Uma liberdade que nos dá o poder da escolha.
Estas são as ideias centrais deste projeto.
Os estudantes devem poder escolher o que querem ler, e não há nada mais importante a dizer do que o que sentem e pensam enquanto leem.
Não é fácil, todos sabemos. No início, os alunos sentem-se desestimulados, devido à sua própria história escolar; não identificam o que há de tão bom em textos não tão fáceis de se ler. Mas eles são os educandos. O professor não se deve deixar influenciar pelo possível desânimo das turmas. Pelo contrário, usando os mais variados textos, deve mostrar-se empolgado com as descobertas que a leitura proporciona (inclusive as que ele faz extra-classe) e não, como geralmente acontece, reforçar o comportamento negativo dos alunos com mau humor e exasperação.
Será preciso, portanto, que os professores busquem desenvolver em si mesmos o gosto e a habilidade de leitura pois, do contrário, como ajudarão seus alunos a adquirirem o que eles próprios não têm? (CUNHA, 1985) Além do mais, uma nova visão de leitura na escola pode promover uma nova relação entre professor e aluno, já que a palavra deste passa a ter valor, ou seja, a sua interpretação é tão correta quanto qualquer outra e o diálogo pode, enfim, existir, visto que o professor deixa de ser o que está sempre correto e, portanto, o que detém a exclusividade da palavra final (ZILBERMAN, 1988).


OBJETIVO GERAL:

Desenvolver na escola básica uma estratégia para incentivo à leitura do aluno, em que ele leia de acordo com o que goste e seja livre para dizer o que sente e pensa sobre o que leu.


OBJETIVOS ESPECÍFICOS:


Tendo em vista que cada estudante tem uma realidade diferente, espera-se que cada um deles possa:

• Ler um livro por mês.
* Um mês para análise, outro mês para comentário livre.
• Escolher seus livros pelo critério de gosto pessoal.
• Ser sincero e honesto em seus comentários.


JUSTIFICATIVA


É nosso dever ajudar nossos alunos a descobrir o caminho, o prazer e a necessidade da leitura. Mas é preciso admitir que é realmente difícil gostar de ler quando essa atividade é sempre realizada com vistas à realização de provas, ao acúmulo de pontos para aprovação, ou com atividades pouco atrativas e menos ainda significativas. O estudo da Literatura na escola tem sido uma grande preocupação dos teóricos há muito tempo. Ainda se pensa que estudar Literatura seja o mesmo que estudar História da Literatura; que trabalhar uma obra literária na escola seja identificar os elementos da narrativa  tempo, espaço, personagens, foco narrativo e enredo  e as características do estilo de época em que a obra é enquadrada e que, aliás, estão todas descritas no livro didático, para, em seguida, fazer uma prova sobre o livro; no ensino fundamental privilegiam-se os fragmentos e a leitura para compreensão e estruturação; no ensino médio pretende-se ensinar quatro séculos de literatura a quem não leu quase nada e apresenta vários interesses (SOARES, 1981). Assim, como a regra é “se dar bem”, os estudantes “enrolam”, procuram os resumos das obras ou alguém que as tenha lido e que lhes conte o enredo para, dessa forma, serem aprovados, enquanto o professor procura obrigá-los a ler, culpando-os, sem perceber que a organização do trabalho pedagógico é que os afasta da leitura.
É essa organização que faz com que aquilo que cada estudante teria a dizer sobre o que leu perca totalmente a importância. O que ele deve fazer é utilizar as ideias e  por que não?  as palavras dos autores que elaboraram a interpretação “correta” (GERALDI, 1996). Apesar de todos eles possuírem a habilidade de decodificação dos textos, esse tipo de atividade impede que se tornem leitores. O trabalho do leitor é ajudar a construir o texto com suas vivências; ele é que dá vida e significado às ideias da obra  especialmente da obra literária (ZILBERMAN, 1988). O “texto sozinho (...) não é responsável pelas significações que faz emergir” (GERALDI, 1996). Leitura é interação. Como interlocutor do texto lido, o leitor entra em contato com outras formas de compreensão do mundo e, confrontando-as com sua própria visão, aprimora a sua maneira de exprimir o que compreende e alarga cada vez mais suas possibilidades de uso da língua (GERALDI, 1987).

Assim, a leitura na escola deve ser uma atividade rica, com os mais variados tipos de textos (SOARES, 1981), que favoreçam a intimidade do aluno com a modalidade escrita da língua, visando a torná-lo um leitor maduro, com compreensão cada vez mais profunda do que lê (LAJOLO, 1988). O próprio conceito de texto, inclusive, é algo bem amplo, hoje, com a complementação dos meios de comunicação audiovisual (SOARES, 1981). Mas é preciso que eles percebam o objetivo das atividades que desenvolvem, ao invés de se sentirem saturados e perdendo seu tempo. Às vezes, fica tão claro que o professor só ordena a realização de determinada atividade por descargo de consciência, que os alunos acabam dando um jeito de fingir que trabalham. Além do mais, é preciso evoluir na leitura, ou seja, à medida que crescem, a densidade e a complexidade dos livros devem aumentar. Muito mais que compreender, é preciso ajudá-los a interpretar e analisar o que leem, de forma que consigam ler as entrelinhas dos textos, ou seja, as mensagens subentendidas. Um bom tempo deve ser dedicado à exploração dos livros pela turma, para que falem, critiquem, discordem, concordem e o professor deve estar atento aos aspectos abordados para que também ajude a turma a perceber o que não viu sozinha. E isso não se restringe a livros, especificamente, mas estende-se a qualquer tipo de texto que ofereça uma boa margem de interpretação. As fichas literárias e questionários devem ser evitados, na medida em que limitam a interpretação do aluno, de acordo com a do professor (ou da editora). O aluno deve expor livre e claramente  oralmente ou por escrito  suas impressões acerca do que leu, e ser avaliado com o intuito de ser ajudado a ir mais fundo a cada leitura. Enfim, como a leitura serve para educar, informar e também divertir, é preciso encontrar mecanismos que permitam flexibilizar a definição dos títulos de livros, de modo que o aluno tenha uma margem de escolha e não seja sempre obrigado a ler a indicação do professor.
O acompanhamento da evolução de cada aluno na compreensão e análise da leitura pode ser feito por meio de discussões em sala sobre os livros lidos e da elaboração periódica de trabalhos dissertativos, que o professor lê não apenas para dar uma nota, mas com a indicação das deficiências a serem superadas.



DESENVOLVIMENTO


1. Os alunos devem ler um livro por mês. E devem começar a ler logo no início do mês, para terem tempo hábil de trocá-lo, caso não gostem dele. Ninguém deve ler aquilo de que não gosta.

2. No primeiro mês, qualquer livro, inclusive os bem pequenos. O trabalho é apenas comentar o que achou, o que aprendeu com o livro. E é proibido fazer o resumo, ou seja, contar a história. Dizemos que, se queremos saber a história, nós mesmos pegamos o livro para ler. O que queremos saber realmente é o que cada um pensa e sente. Os que quiserem podem substituir o trabalho escrito por uma apresentação oral, um cartaz, etc., seguindo sua criatividade.

3. No segundo mês, o livro deve ter, no mínimo, 50 páginas, e gerar um trabalho de análise sob o título “O que penso enquanto leio”. O trabalho tem, pelo menos, duas partes:
a) Garimpagem – depois que o aluno decidiu que vai dar prosseguimento à leitura daquele livro (porque gostou dele), à medida que vai lendo deve retirar todos os trechos que:
a.1) lhe sirvam de alguma lição de vida;
a.2) considere bonito, tenha uma linguagem especial.

No caso de a.1, o aluno deve explicar qual é a lição que ele identificou, ou seja, por que o referido trecho lhe serve de lição.

No segundo caso (a.2), não há nada a dizer. Beleza é uma questão muito subjetiva e não precisa ser explicada.

b) Aprendizagem – terminada a leitura, findo o livro, o aluno escreve um texto em que apresenta qual foi sua aprendizagem central com ele. Em outras palavras, de todas as ideias, qual lhe chamou mais a atenção.

c) Algo mais – pode ser que o aluno ainda não tenha dito tudo o que quis. Se for o caso, o trabalho terá então esta terceira parte. Em forma de texto, o aluno expõe o que ainda não teve oportunidade de dizer nas partes anteriores.

4. A partir daqui, os tipos de trabalho vão-se revezando, mês a mês. E o professor deve recomendar aos alunos, nos meses em que o trabalho é livre, que evitem livros tão pequenos que possam ser lidos em 30 minutos. Sem rispidez, e até com bom humor, ele deve lembrar-lhes: se você vai ter o trabalho de ler, escolha algo legal, não muito grande, e que lhe faça crescer de alguma forma.



REFERÊNCIAS


CUNHA, C. A Questão da Norma Culta Brasileira. Rio: Tempo Brasileiro, 1985.

GERALDI, J. W. (org.). O Texto na Sala de Aula: Leitura e Produção. Cascavel: Assoeste, 1987.

GERALDI, J. W. Linguagem e Ensino: Exercícios de Militância e Divulgação. Campinas: Mercado de Letras, 1996.

LAJOLO, Marisa. “O texto não é pretexto”. In: ZILBERMAN, R. (org.). Leitura em Crise na Escola: as Alternativas do Professor. Porto Alegre: Mercado Aberto, 1988.

SOARES, M. O Ensino da Língua Portuguesa e Literatura Brasileira no 2o Grau. Brasília: Secretaria de Educação, 1981.

ZILBERMAN, R. (org.). Leitura em Crise na Escola: as Alternativas do Professor. Porto Alegre: Mercado Aberto, 1988.

domingo, 13 de dezembro de 2009

UM ESTALO DENTRO DO PEITO - MEMORIAL DE LEITURA - Elisa Alves





“A escrita é um mundo emaranhado
de cipós, sílabas, madressilvas, cores e palavras
- limiar de entrada de ancestral caverna
que é o útero do mundo e dele vou nascer.”
Clarice Lispector



Está uma tarde fria. Está uma tarde feia. Chove tanto lá fora! Susana está em seu quarto. Os pingos da chuva batem na vidraça. Plic, plic, plic.”

Foi este o primeiro texto que li. Ele era o início da primeira história da cartilha que as professoras da escolinha seguiam. Nós líamos em coro, marcando o ritmo, como se cantássemos (as sílabas grifadas representam as mais fortes, na nossa cantiga). Era uma escolinha que funcionava na casa de duas moças. Uma terceira se juntava a elas na hora da aula e estava formado o trio que tinha a missão de ensinar a ler aquele grupo de crianças, cujos pais achavam que sete anos era uma idade um pouco tardia para começar. E minha mãe estava entre eles!

Mamãe não conseguiu vencer a escola. Não resistiu à palmatória, associada à necessidade de trabalhar desde criança. Assim, para ela, chegar ao fim do tempo destinado à escola era a vitória mais significativa da vida, e ela ardentemente desejava isso para mim!

Na escolinha, então, as professoras me ensinaram a ler palavras nos livros. E os colegas – ali mesmo – me ensinaram a ler a cor da pele e a discriminação. Uma das lições me deu muito prazer. A outra me fez sofrer.

De qualquer forma, foi uma bênção ter aprendido. Eu era filha única, e minha mãe saía para trabalhar em casas de família, passando dias fora e me deixando com algumas babás, que nunca duravam muito tempo. Nós morávamos no Gama (cidade periférica do Distrito Federal) e mamãe trabalhava em Brasília (Plano Piloto, para os íntimos). Eu era calada, quieta, tímida, não me dava bem com as babás que, por sua vez, não faziam nenhum esforço para me cativar. Não que brigássemos. Apenas minha mãe ficava insatisfeita com o serviço e dispensava uma após a outra.

Devido a isso, foram muitos os períodos em que fiquei sozinha, mesmo. Já matriculada no ensino fundamental de uma escola pública bem perto de nossa casa, eu ia para a aula à tarde e não gostava de televisão. Mas adorava livros! Nessa época, minha mãe comprou, de um ambulante, uma coleção de histórias clássicas infantis. Eram quatro livros pequenos, mas volumosos, guardados em uma casinha de madeira. Era lindo! E mais lindo ainda era quando, em alguma manhã ensolarada de domingo, mamãe se sentava comigo na porta da cozinha e lia para mim. Essa é uma das lembranças mais luminosas de minha vida. E não tenho certeza se a luz e o calor que ainda me são tão vivos vinham do sol incidindo sobre nós ou se do raro gesto de carinho e cuidado.

Houve um outro, uns três anos depois. Era raro que saíssemos juntas, mas naquela tarde, num dia de semana, eu estava com mamãe andando pelo Setor Comercial Sul de Brasília – mais especificamente no Conic. De repente, quando passávamos em frente a uma livraria, ela decidiu entrar e me mandou escolher um livro! É impossível explicar, em poucas palavras, o que houve comigo. Até hoje sinto o mesmo deslumbramento quando entro em qualquer livraria. Eram tantos livros ao meu redor... Parecia um castelo encantado, com peças mágicas espalhadas pelas paredes, cada qual com mundo dentro de si. E eu tinha que escolher uma! Tomada de desejo e insegurança, e com medo de aborrecer mamãe com uma possível demora, li alguns títulos e escolhi: “Manu, a menina que sabia ouvir”, de Michael Ende. Escolha acertadíssima! Uma mensagem de preservação da vida e das relações pessoais disfarçada numa intensa aventura de ficção. Tempos depois, já adulta, descobri uma outra tradução do livro – mais densa, por sinal – intitulada “Momo e o senhor do tempo”. Li também e renovei minhas impressões.

Voltando à minha infância, esses eram os meus livros. Havia outros, que eu nem sei por que tínhamos, ou de onde vieram, mas que não eram infantis. De vez em quando mamãe trazia alguma revista da casa onde trabalhava. A escola fazia empréstimos com muitas restrições, mas eu logo descobri a biblioteca pública. Foi uma riqueza! Semana após semana lá estava eu, renovando ou substituindo os empréstimos.

Assim, na solidão de minha infância, os livros me fizeram companhia, e eu passei a considerar que ler era a coisa mais gostosa do mundo! Meu coração estalava de prazer.

Isso permaneceu assim pela infância e adolescência. Um dia – eu com doze ou treze anos – mamãe entendeu que eu deveria ler mais! Retirou da prateleira A Escrava Isaura e O Coronel e o Lobisomem. Só então eu percebi que ela não sabia que eu lia, não sabia do que eu gostava. Mas eu era calada. Não discuti. Peguei os livros e tentei lê-los. Fui avançando linha após linha sem entusiasmo, e era como se não os estivesse lendo. Tive, assim, a primeira lição de que nem todo livro é legal. Anos mais tarde voltei a esses livros e os devorei. Era mais uma prova dos efeitos do tempo sobre a vida da gente.

Na escola, não me lembro de nenhum trabalho com livros no Ensino Fundamental. Mas eu nem pensava nisso, não sabia que deveria haver. Ninguém falava em leitura, e eu nem tinha com quem dividir meu entusiasmo com os livros.

Mas no Ensino Médio, fazendo o Curso Normal, uma professora nos mandou ler Jorge Amado. Não me lembro do trabalho que fizemos com o livro, mas eu me apaixonei. Foi o livro Mar Morto – uma coisa deliciosa! Depois fui procurando as outras obras dele e lendo por puro prazer.

Eu era militante da Pastoral da Juventude – um movimento da Igreja Católica, adepto da Teologia da Libertação, que defendia a “opção preferencial pelos pobres e pelos jovens”. Para mim, ser professora era um modo de fazer bem às pessoas. Era minha militância.

Enquanto estudante, eu adorava Matemática, até conhecer a Física no 1º ano do Curso Normal. Fiquei dividida. As duas eram apaixonantes, mas eu precisava escolher uma para estudar na faculdade... E então, contra todas as expectativas geradas por esse triângulo amoroso, quando terminei o Ensino Médio, prestei vestibular para o curso de Letras!

Já me explico: foi o bichinho da pesquisa que me picou. Eu queria compreender um problema que identifiquei durante o Curso Normal. É que, na nossa turma, quase ninguém gostava de escrever as redações que nossa professora exigia. Os textos valiam nota e muitas colegas chegavam, no dia da entrega, sem ter conseguido escrever nada. Um dia uma delas me pediu para fazer um texto, ali na sala, pra ela. Não me recusei e isso acabou virando hábito: eu escrevia diversas redações a cada data marcada, para várias colegas em apuros, sem perceber que eu mais as atrapalhava que ajudava – se levarmos em consideração que elas receberam seus diplomas de professoras. De qualquer forma, nossa professora é quem deveria perceber as limitações de sua estratégia de ensino de redação, mas essa é uma outra história. O fato é que, ao iniciar o tempo do estágio, pude perceber que dificuldades na escrita relacionadas ao desejo e às ideias que devem ser apresentadas não são inerentes às pessoas. As crianças das turmas em que atuei adoravam inventar histórias. Se tinham que escrever, escreviam felizes, ansiosas para mostrar o que fizeram. Mas então, por que as moças quase professoras sofriam tanto para escrever? Que incidente no percurso fez com que elas afirmassem tão categoricamente que não sabiam escrever? Em que momento da vida escolar ocorre esse estrangulamento do desejo de registrar o que se pensa? Era isso que eu queria descobrir e que me levou ao curso de Letras. Mais que descobrir uma explicação para o problema, eu queria contribuir para sua solução. Como um personagem de Isabel Allende, eu sofria de “juventude em excesso. Mas todo mundo sara disso”.

Estudar Letras foi delicioso, é claro: tive muito o que ler. Consegui levantar algumas respostas para o problema que me levou até ali, e até algumas pistas sobre a solução. E mergulhei de vez no mundo dos livros. Descobri a vertigem de Clarice Lispector e Autran Dourado. Enxerguei melhor Machado de Assis. Embriaguei-me com Lygia Fagundes Telles. Deixei-me levar por Cecília Meireles, Mário Quintana e Fernando Pessoa. Perdi-me nas veredas de João Guimarães Rosa. Encontrei novos caminhos em Graciliano Ramos.

Foi um tempo de intensa paixão!

Tão intensa que eu quase me esqueci de que havia vida além dos livros. Eu começava a preferir a companhia dos livros à das pessoas!... Mas fui salva em tempo. Cheguei bem na beira do abismo, e um amigo me puxou de volta, com meu coração estalando.

Terminei o curso de Letras, comecei a lecionar Língua Portuguesa, e continuei lendo – tentando arduamente manter o equilíbrio entre essa paixão e a vida real. A leitura interfere em minha prática pedagógica, em meu jeito de amar, de falar, de dançar, de cantar. Vejo o mundo sob a lente das letras, como se as páginas de tudo o que li e leio fossem de celofane, e se estendessem sobre meus olhos. Gostei de absolutamente quase tudo o que li. Gosto de românticos, realistas, parnasianos e futuristas. Gosto de Paulo Coelho, Paulo Leminski, Paulo Freire. Gosto tanto de Vygotsky que seria amante dele... Gosto de Fernand Braudel, Moacir Gadotti, Pedro Demo, Edgar Morin, Celso Pedro Luft, Wanderlei Geraldi, Sírio Possenti, Gustavo Bernardo, Marcos Bagno, Magda Soares, Marisa Lajolo. Gosto de Ziraldo, Pedro Bandeira, Ana Maria Machado, Ruth Rocha.

Há uma leitura específica para cada dia, para cada maneira de sentir e de estar. Assim, escolho livros de acordo com o que necessito: livros para descansar – como Paulo Coelho; livros para acordar minha alma e me ver cercada e invadida por um fogo intenso – como Clarice Lispector; livros para mergulhar numa quietude densa e úmida – como Cecília Meireles; livros para quando estou inquieta e divertida – como Paulo Leminski; livros pelo prazer do conhecimento – como Bourdieu. Qualquer que seja minha escolha, meu coração ainda estala.

Muito ao contrário do que li, aos seis anos, na minha cartilha, para mim, não há tardes frias e feias. Na verdade, se agora moro no interior, sempre considero a chuva uma bênção. E os livros me dão luz e calor. Como Odara e Bruno, meus filhos, a leitura é parte de mim, inerente. Porém, diferentemente de para com eles, não é uma relação de amor. É como a relação que tenho com minha voz, com minha cor, com meu corpo. É o que eu sou.


Biografia das crianças





São crianças mas já escreveram sua própria biografia. São alunos da professora Carla Catarina André. Vejamos os passos que ela seguiu:


• Apresentação do poema Cidadezinha Qualquer- Carlos Drummond de Andrade;
• Análise do poema;
• Biografia do autor;
• Explicação e pesquisa de outras biografias ( Aleijadinho, Tarsila do Amaral, Jorge Amado)
• Apresentação das biografias pesquisadas para a turma;
• Produção de uma auto-biografia;
• Correção coletiva;
• Produção coletiva de uma entrevista com os funcionários da escola;
• Produção das biografias desses funcionários;
• Produção e montagem de dois livros: Um livro com as biografias dos alunos e outro com as biografias dos funcionários da escola;
• Apresentação para os demais alunos da escola;
• Entrega dos livros para compor o acervo da biblioteca;

MEMORIAL DE HELOIZA MARIA WILL




Escolhi ser educadora porque penso que tinha que fazer algo para ajudar meu próximo, ajudar a melhorar o mundo e transformar a realidade e construir um mundo mais dinâmico e sustentável. Nesse caminho muitos desafios são encontrados na profissão docente.

A formação do professor enfrenta, portanto, cinco desafios:
- Os novos equipamentos;
- A dinâmica do conhecimento;
- A presença da mídia;
- A ausência da família;
- O conhecimento precoce e a priori dos alunos.

Por isso, nunca foi tão fundamental a formação do professor:
Primeiro, porque ele tem de ser reformado, reinventado, se adaptar ao uso dos sistemas de computação deixando de ser um transmissor do conhecimento, ter capacidade para trabalhar em grupos, com profissionais de informática.

Segundo, o professor terá de aprender a interagir a tecnologia com os conteúdos, se ligando a criação do saber e a disciplina. O professor estará sempre em formação.

Terceiro, ele deve aprender a utilizar a mídia aberta, provocar o aprendizado, tirar proveito dos programas educacionais e interligar o saber a realidade.

Os profissionais da educação, de um modo geral, são co-responsáveis pela transformação do sistema educacional e social, surge a exigência de traçar novos caminhos e reformular políticas educacionais, a fim de analisar e propor garantir uma formação comprometida com a realidade social e humana.


Por mais que tentemos apagar esse traço vocacional, de serviço e de ideal, a figura de professor, aquele que professa uma arte, uma técnica ou ciência, um conhecimento, continuará colada à idéia de profecia, professar ou abraçar doutrinas, modos de vida, ideais, amor, dedicação.

Professor como um modo de ser. Vocação, profissão nos situam em campos semânticos tão próximos das representações sociais em que foram configurados culturalmente. São difíceis de apagar o imaginário social e pessoal sobre o ser professor, educador, docente. É a imagem do outro que carregamos em nós.

Não é possível melhorar a educação, sem pensar nas mudanças dos professores, que continuam como executores de currículo e transmissores de informações, em uma posição passiva. Inverter o papel dos decentes para adotarem o papel de protagonistas da educação requer a necessidade de uma profunda compreensão acerca da função dos docentes e suas dimensões, analisando o desenvolvimento profissional tendo como objetivo avançar nos processos de formação, aprendizagem, gestão educativa e políticas integradoras renovadas.

Ao planejar, avaliar, decidir, relacionar-se com o aluno, o professor imprime nessas ações o seu modo de ser, sua individualidade, reinterpretando normas e prescrições a sua própria maneira. Portanto, o ponto de partida é a escuta, a troca, o compartilhamento de idéias entre professores em serviço, para que, através do apoio mútuo, da interlocução, possam reconstruir valores e crenças que embasarão as metodologias a serem recriadas.

Ao passar pela faculdade pude ter um embasamento teórico que me deu um respaldo para atuar na área da educação, mas o verdadeiro aprendizado ocorre no contato diário com realidades distintas, acontece na troca de experiências.

Memorial de Kátia Cristina Guimarães Bighi




Como me fiz professora

O presente texto apresenta um pouco da minha trajetória como educadora. Chamo-me Kátia Cristina Guimarães Bighi, tenho 37 anos, tenho três filhos, sou divorciada há quatro anos.

Bem, eu começo falando de quando era adolescente, minhas impressões a respeito dos primeiros professores de português e tudo começaram quando ainda estava cursando a 7º serie ,... me lembro como se fosse hoje. Meu professor de português não sei que motivo, começou a me “marcar”, sempre que era para eu responder algum exercício e se esse exercício fosse fácil ele pulava meu número e sem eu esperar ele falava, Kátia dê a resposta dessa atividade (exercício de difícil resolução), todas as aulas eram assim. Quase fiquei reprovada. Nunca me veio à mente a vontade de ser professora. Quando criança, isso sim eu recordo, um pouco mais tarde, no Ensino Médio, onde tudo nos pressiona para que façamos nossa escolha profissional, tinha em mente alguns cursos e acabei fazendo técnico de administração. Como o mercado era difícil, no ano de 1988 comecei a fazer o magistério de tanto minha mãe insistir. Foi assim que comecei a gostar da idéia de ser professora. Nessa fase tive bons professores, o que me incentivou mais a seguir tal carreira.

Fiz o vestibular para letras e passei. Escolhi este curso devido ao professor que me marcou, como se fosse... vou estudar e mostrar para este professor que sou capaz. Desconfio que isso e que me fez optar pelo curso de letras e o incentivo pela minha mãe também.

Enfim, fiz o curso, tive excelentes professores, mas no primeiro período tive um educador chamado César de literatura que quase fiquei reprovada e quando mais eu estudava, menos eu entendia sua matéria, mas não só foi comigo, alguns também encontraram dificuldades e a turma reclamou e ele saiu da faculdade. No segundo período estudamos com o professor Carlos Alberto que era ótimo, foi quando comecei a gostar da literatura. Ele falava com tanta firmeza que suas falas pareciam que estavam acontecendo ali naquele momento.

Enfim consegui terminar minha faculdade no ano de 1994 e meu primeiro filho tinha dois anos de idade. Quando me separei pela primeira vez. Fui morar com meus pais, foi uma mudança radical, pois morava no Rio de Janeiro e vim para o Espírito Santo. Em Monte Santo Escola Unidocente, onde foi minha primeira experiência como educadora. Lecionei para uma classe que nela tinha cinco turmas em uma sala, onde eu cozinhava para os alunos e limpava a escola. Trabalhei apenas um ano e retornei para o Rio de Janeiro para meu marido. Fiquei dez anos tomando conta de casa, de filhos e de marido. Tive uma vida muito tumultuada e decidi “viver” me separei definitivamente. Foi quando comecei uma nova vida. Voltei a estudar, fiz uma pós-graduação para me atualizar, pois estava parada há muito tempo. Lecionei meu segundo ano na Escola Nova Campina no Rio de Janeiro, para 5º e 6º serie do ensino fundamental. Quando terminou o ano letivo vim para Ibatiba Espírito santo. Neste mesmo ano de 2007, consegui algumas aulas de português em São Jorge, Brejetuba, de um professor que desistiu das aulas. Nesta mesma escola lecionei mais um ano e atualmente estou na Fazenda Leogildo, Brejetuba.

Minha vida atualmente está um tanto quanto corrida. Trabalho de segunda a sexta, das 7:00 às 11:30min e das 18:00 às 21:30min. Ela se localiza na zona rural, a disciplina língua portuguesa, de 5º à 8º serie. Turande à tarde planejo minhas aulas e outras, tiro um tempo para meus filhos e meu atual marido.

Memorial poético de Lia Matos






Em 96 fui pra capital
Minha mãe dizia pra estudar bastante
Se não, me daria mal
Menina do interior, era muito tímida na escola
Não fiz amizades, conversava pouco
Até que em outubro desisti, vim embora
Mas minha mãe insistia:
- Você não podia ter desistido!
No outro ano voltei
E agora havia decidido:
- Vou estudar pra caramba, quero ter futuro garantido.
Estudava muito na escola
Química, física eu não tinha base
Com isso, no vestibular da UFES
Passei só na primeira fase

Como havia me inscrito em outro vestibular
Tentei fazer Letras perto de BH
Na verdade, Carangola
Lugar longe pra daná!!!
Mas foi lá que consegui me formar.

Que saudades tenho agora
Daquele tempo na faculdade
Ia e voltava de Carangola
Com ônibus fretado saindo de minha cidade
Era ajuda do prefeito pra toda comunidade.

Em 98 fiz minha primeira inscrição
Gostava muito de inglês,
Trabalhei como DT
Mas não ainda com português
Fui tentar minha realização
Incorporei o teatro, a dramatização
Pois com isso soltei a imaginação.

Em Marechal Floriano, na Emílio Oscar Hülle
Tive minha primeira profissão
Era teacher numa escola estadual
E aproveitei a ocasião
Me inscrevi no outro ano
Com outras matérias então
Como tinha muita vergonha de falar em público
Aos poucos comecei a conversação
Hoje falo pelos cotovelos
É até difícil a interação
Acho que foi por causa de um curso que fiz
Chamado ACELERAÇAO
Converso primeiro com os mais chegados
Com estranhos vou vendo a reação
Só depois de um tempo
É que domino a situação


99 foi o primeiro ano
Foi penoso, mas não desisti, não
Poderia ter feito melhor
Muitos projetos, ideias, renovação
Pros alunos aprenderem a matéria
E conseguirem aprovação

Em 2001 voltei para cá
Insegura pois teria que provar
A população não iria gostar
De ver seus filhos com quem não sabe ensinar

A cada ano venho aprendendo
E fico imaginando como se faz
Aquele que trabalha em outra área
E não estuda nunca mais
Estudar é muito bom
Aprender é o melhor
Ficar parado não dá
“I still haven’t found what I’m looking for”

Hoje dou aula de português
E participo do GESTAR
Venho descobrindo uma maneira nova
De aos meus alunos ensinar
Elisa está no comando
E me colocando pra pensar
Numa nova experiência
Pra educação melhorar!!

Lia Matos,
Tem “LETRAS” até no nome!!!

Memorial de Luana Gomes dos Santos





Nasci em 13 de abril de 1985, na cidade de Osasco – SP. Filha de uma professora exemplar, Maria José da Silva, que sempre me incentivou a estudar e seguir sua profissão.

Cresci buscando sempre ampliar meus conhecimentos e valores educativos adquiridos de meus pais, mas almejava sempre estudar mais e mais. Estudei desde a Educação Infantil até a 1º ano do Ensino Médio na Escola Estadual de Ensino Fundamental e Médio “São Jorge” que se localiza no Município de Afonso Cláudio.

Em 2001, fui estudar em Afonso Cláudio, no turno matutino - Ensino Médio e no noturno -Técnico em Contabilidade, concluindo em 2002. Neste mesmo período iniciei o magistério à distância aos finais de semana, em Brejetuba, concluindo em 2004.

Em 2003 ingressei na faculdade, optando pela área educacional, cursando Licenciatura Plena em Letras: Português/Inglês na Faculdade de Direito e Ciências Sociais do Leste de Minas, localizada em Reduto – MG, concluindo a graduação em 2006. Durante os dois primeiros anos residi lá, pois não havia transporte, no primeiro ano dediquei aos estudos, já no segundo ano consegui um estágio na Escola do SESI – Manhuaçu, onde aprendi muito, que experiência maravilhosa em minha vida. No ano de 2005, o prefeito disponibilizou um ônibus para os alunos de Brejetuba irem à faculdade em Reduto e Manhuaçu, então pude voltar para Brejetuba. Com essa nova morada, minha vida tornou-se completamente diferente, tomando novos rumos.

Dada a natureza do trabalho docente, que é ensinar como contribuição ao processo de humanização dos alunos historicamente situados, espera-se da licenciatura que desenvolva nos alunos conhecimentos e habilidades, atitudes e valores que lhes possibilitem permanentemente irem construindo seus saberes-fazeres docentes a partir das necessidades e desafios que o ensino como prática social lhes coloca no cotidiano. Espera-se, pois, que mobilize os conhecimentos da teoria da educação e da didática necessários à compreensão do ensino como realidade social, e que desenvolva neles a capacidade de investigar a própria atividade para, a partir dela, constituírem e transformarem os seus saberes-fazeres docentes, num processo contínuo de construção de suas identidades como professores (PIMENTA, 2002, p. 18).

Em 2005, ainda cursando Letras em Reduto, me apaixonei por Brejetuba. Ministrando aulas de Português e Inglês na Escola Estadual de Ensino Fundamental e Médio “Álvaro Castelo” e Escola Família Agrícola de Brejetuba, tive uma experiência de dois anos, trabalhando com várias turmas, variando de 5ª a 8ª séries do Ensino Fundamental e Médio. Foi uma grande experiência e um grande desafio, já que estava sendo meu primeiro ano de carreira profissional, morando sozinha e longe da família.
Logo em 2006, fiz uma Pós Graduação na área de Língua Inglesa. No ano seguinte em Língua Portuguesa.


“Valoriza o saber que produz em seu trabalho cotidiano, empenha-se no próprio aperfeiçoamento e tem consciência de sua dignidade como pessoa e como profissional. Assim, é um ser humano capaz de continuar aprendendo e um cidadão responsável e participativo, integrado ao projeto da sociedade em que vive e, ao mesmo tempo, crítico de suas mazelas”. (MIRANDA & SALGADO, 2002, p. 21).


Trabalhei na busca de criar novos conceitos e habilidades em nossos educandos, formando-os como cidadãos conscientes e críticos, capazes de trilhar caminhos neste processo de um mundo globalizado que não se limita em apenas receber, mas sim fazer, agir, propiciando ações favoráveis a transformações do espaço habitado, como é muito bem colocado por Milton Santos em seu livro Metamorfose do Espaço Habitado.

No ano de 2009, ingressei no Projovem Campo na Escola Leogildo Severiano de Souza como professora de Linguagens, Códigos e suas Tecnologias. Desde quando trabalhei na Escola Agrícola venho percebendo a realidade do homem do campo, pois me sensibilizou o quanto é verdadeiro o sentido da educação, sobretudo a educação do campo, tendo como linha a Pedagogia da alternância que prioriza a Agricultura familiar, ecológica e ética, valorizando a preservação da cultura popular, colocando o homem e a mulher do campo como sujeitos do próprio conhecimento e na busca de alternativas sócio-política-econômica-cultural-ambiental, na tentativa de promover o tão sonhado desenvolvimento local integrado sustentável.

É através do pensamento de Paulo Freire, que é seguido como mola mor da pedagogia da alternância, onde ele relata que ensinar exige respeito, compromisso e consciência. ...“ensinar não é transferir conhecimento, mas criar possibilidades para sua produção ou construção. Quem ensina, aprende ao ensinar e quem aprende ensina ao aprender”. Estas questão me levaram sempre a estar buscando. Procuro sempre trocar experiência, renovar meus métodos de ensino, planejar aulas que tornem o ensino aprendizagem prazeroso e participativo, frisando sempre a valorização e importância da inclusão e integração da cultura agrária e rural, que nos dias atuais torna-se ainda tão preconceituosa em um mundo altamente globalizado.

Para VYGOTSKY (1991),
“o professor é o mediador entre o aluno e o meio social e precisa oferecer as experiências adequadas, dentro da capacidade de assimilação do aluno, facilitando-lhe o domínio e a apropriação dos diferentes instrumentos culturais, assim o professor constitui-se na pessoa mais competente que precisa ajudar o aluno na resolução de problemas que estão fora do seu alcance, desenvolvendo estratégias para que pouco a pouco possa resolvê-las de modo independente.”

Diante de tantos anseios pela busca do conhecimento e a reconstrução sempre de um trabalho renovador venho buscando novos conceitos, soluções, que possibilitem meu trabalho capaz de tornar-se um processo educativo eficaz, por isso, no ano de 2009 iniciei no mês de junho a 1ª formação de professores do Projovem Campo em Viana – ES, que acontecerá em nove encontros. Participo sempre simpósios, palestras, seminários e fóruns que estejam voltados ao processo educativo do homem do campo, para fortalecer sempre o conhecimento das luta do homem do campo, contribuindo para elevar a relação social, cultural e educação do educando do meio rural.
Busco minha atualização profissional constantemente ao frequentar cursos ofertados pela Rede Municipal de Educação, como fóruns, formação continuada, seminários, palestras, reuniões, leitura de periódicos, como Nova Escola e Direcional e demais eventos que contribuem para meu crescimento enquanto educadora. Assim, minha prática docente vem sendo lapidada desde quando ingressei no meio docente, uma vez que venho de uma formação tradicionalista, acredito que hoje a melhor perspectiva é a sócio-interacionista, na qual o educando é agente de sua aprendizagem e o professor o mediador, permitindo uma aprendizagem significativa/contextualizada.
Agora, concluo mais uma etapa, um sonho em minha vida, o de cursar Licenciatura em Ciências Biológicas. Aguardo ansiosa o momento de ministrar aulas de ciências. “Trata-se agora de valorizar o amplo corpus de conhecimento e experiência adquiridos no exercício de uma vida profissional que configurou uma trajetória profissional própria, a ser articulada com os novos conhecimentos”. (BOLÍVAR, 2002, p. 104)



REFERÊNCIAS


BOLÍVAR, A. Profissão professor: o itinerário profissional e a construção da escola. Bauru: EDUSC, 2002.

MIRANDA, G. e SALGADO, M. 2002. Projeto Pedagógico. Veredas Formação Superior de Professores. Belo Horizonte, SEE –MG.

PIMENTA, S. G. Formação de professores: identidade e saberes da docência. In PIMENTA, G. (Org.). Saberes pedagógicos e atividade docente. 3a ed. SãoPaulo: Cortez, 2002, p. 15-34.

VYGOTSKY, Lev. S. et al. PSICOLOGIA E PEDAGOGIA: bases psicológicas da aprendizagem e do desenvolvimento. São Paulo: Moraes, 1991. 94 p.

Memorial de Marta Rangel da Penha Dalcol




Tenho 40 anos. Quando eu estudava na 1ª série, eu tive uma professora maravilhosa, chamada Silvia Strutz.Eu ficava encantada com a forma dela ensinar e cuidar de todos nós. Eu morava no interior e era muito difícil continuar estudando, ela via minha dificuldade para ir à escola e me convidou para ficar na casa dela. Eu aceitei e estudei até a 4ª série. Sempre falava com minha mãe , implorava que queria continuar estudando, eu nunca desisti. Eu dizia que queria ser jornalista, as letras sempre me causavam fascínio.

Quando terminei a 4ª série, minha mãe saiu comigo e disse que iria procurar um lugar para que eu pudesse ficar e estudar. Ela chegou em São João de Petrópolis, Santa Tereza, não conhecia ninguém e saíu de casa em casa procurando um lugar para mim. Encontrou e eu fiquei durante seis anos nessa casa,estudando até o 2º ano do Magistério.

Sofri muito, fui muito humilhada, trabalhava muito e só tinha direito a comida, mas continuei firme, estudando. Eu adorava estudar, quando chegou a época de fazermos o estágio, eu ajudava minhas colegas, que não conseguia preparar as aulas e dia de domingo, eu ministrava as aulas para elas, para que pudessem fazer o estágio.


Terminei o Magistério, mas não comecei a trabalhar, me casei, tive um filho. Durante todo esse período eu tinha muita vontade de estudar inglês. No ano de 2003 decidi fazer o curso de inglês, me senti muito fascinada pela Língua Inglesa e então resolvi fazer faculdade de Letras e finalmente consegui chegar ao meu objetivo, comecei a ministrar aulas e estou realizada. Entendo que minha jornada não terminou, estou sempre buscando mais aprendizado, aprendo muito com meus alunos, observo sempre as experiências dos colegas e procuro crescer sempre.

Memorial de Michele de Souza





A Professora das Bonecas

Quando eu era criança tinha muita dificuldade para aprender as matérias na escola. Minha mãe colocava-me para estudar todos os dias um pouco assim que eu chegava da escola e somente após realizar essa tarefa eu podia sair para brincar com as meninas na rua.
E assim eu fazia.
Chegava da escola, almoçava, ou fingia que almoçava, depois ia para o quarto estudar para logo poder sair para brincar.
No quarto, como era meio chato, ou completamente chato estudar, colocava as bonecas que eu tinha em cima da cama de minha mãe, já que dormíamos juntas no mesmo quarto, e começava a ministrar aulas para elas. Tudo o que eu tinha registrado em meus cadernos da escola eu repetia várias vezes a elas para que gravassem e, ao final, eu mesma ia entendendo o que achava não ter assimilado na escola pelos meus professores...

Desde essa época comecei a pensar em ser professora idealizar ensinar às crianças, não mais às bonecas...

No segundo grau, cursando o Magistério (1993 a 1995) comecei a ter um pouco mais de dificuldade em ralação a produção textual e leitura, uma vez que ambas haviam sido muito falhas, hoje em minha análise como professora de Literatura e Língua Portuguesa. Luciléia Célia Belisário fora minha professora de Didática da Língua Portuguesa, Didática da Matemática, Filosofia, Psicologia. “Uma Fera”!
Leitora, crítica, inteligente, muito bem informada, exigente e que começou a direcionar minhas produções, ou seja, mostrar-me como se produzia textos. Apaixonei-me: 1º porque não tinha esse “dom de produção” (se assim posso chamar) e 2º porque eu não era ainda contagiada pela leitura e percebi que eu poderia crescer muito... Convivemos hoje como colegas de trabalho.
Até aqui tudo bem . Meu sonho parecia ser bem legal.
Minha mãe me incentivava, mas também dizia-me que se que quisesse poderia fazer o curso de Direito, que sempre fora o sonho dela, mas que não teve oportunidade de concretizar.
Decidida prestei vestibular na Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras “Madre Gertrudes de São José” em 1995. Optei pelo curso de Letras/Literatura, já que no meu primeiro e segundo graus eu havia sido uma negação em ambas disciplinas, sem contar a de História - que mais tarde eu me apaixonaria.

Na faculdade enfrentei desafios como a não credibilidade de pontencial por parte de alguns professores, a dificuldade em relação aos conteúdos básicos da minha atual disciplina entre tantos outros que uma jovem universitária possa enfrentar.

Apaixonei-me metaforicamente pela minha querida, até hoje, Professora de Literatura Brasileira Beatriz Fraga – atualmente Beatriz Fraga Soares, que por ventura a encontrei recentemente na Bienal do Livro em Vitória no último dia 12, onde ganhei um abraço cheiroso e bem apertado, como os dos velhos tempos.
Lá eu me realiza naquelas aulas de Literatura e História que ela ministrava as noites naquele calor de Cachoeiro. Viajava de um século a outro, conhecia, revivia, sentia, apreciava e desenvolvia cada vez mais a leitura em meu ser. Era magnífico para mim. Lembro-me até hoje que na época eu lia muito Paulo Coelho - tenho a coleção completa ainda - e vivia tentando convencê-la de que aquela não era uma literatura fútil como muitos pensavam... E um dia em um trabalho proposto por ela enxertei Coelho do início ao fim... e para minha surpresa quando fui chamada em sua mesa, meu coração petrificou. Não imaginava o que poderia acontecer naquele exato instante...Tudo que eu não havia imaginado aconteceu... Nota 10.0 e a aceitação de tal ilustre Professora com os meus pensamentos. Ai não deu outra: comprei um livro e a presenteei.
Atualmente com 31 anos muita coisa mudou em mim, principalmente o corpo que já não é mais o mesmo, algumas partes melhores e outras piores – só para descontrair da leitura exagerada deste texto longínquo, mas o gosto por aquela Literatura permaneceu e enquanto eu existir permanecerá em minhas aulas nas escolas dessa vida linda que tenho pela frente. Faço hoje como se ainda estivesse aprendendo tudo com o mesmo, ou até maior, entusiasmo de conhecer, reviver, sentir, apreciar e transmitir aos alunos o tão magnífico gosto pela Literatura Brasileira

Memorial de Regiane Egert




Tudo começou quando eu ainda era criança. Sempre fui uma aluna dedicada e estudiosa, o tempo foi passando e sempre eu e minhas amigas brincávamos de escolinha, a professora era eu. O quadro para escrever e os materiais a gente improvisava.
Depois quando chegou à hora do vestibular decidi primeiramente optar por fazê-lo na UFOP (Engenharia Civil), em segundo plano escolhi Letras Português/Inglês na FAFIC, com a ajuda da minha irmã Viviane.

Por azar, ou melhor, acho que por sorte, o vestibular das faculdades aconteceu no mesmo dia, aí minha irmã falava: faz na FAFIC porque se você não passar no outro vai ficar um ano sem estudar. De tento ela falar isso resolvi então fazer a prova da FAFIC.

Durante o curso eu me dediquei muito e o que mais gostava era da danada da gramática, pois minhas professoras de português do ensino fundamental e médio trabalhavam mais com gramática e produção de texto era uma raridade. Na faculdade eu ouvi falar demais sobre a contrariedade de se trabalhar com gramática e até hoje acho um pouco estranho, mas estou me adaptando, pois o currículo e os PCN’s exigem que se trabalhe muito com produção de textos.

Terminei a faculdade prestei o concurso da SEDU e passei foi aquela felicidade, pois não imaginava que fosse passar apesar de ter estudado bastante. Nesse meio tempo fiz pós-graduação na FAFIC também, e fui convocada para assumir o concurso no fim do ano passado, em outubro/novembro. Fiquei muito feliz por pensar que não precisaria me preocupar mais se iria ou não conseguir aula no ano seguinte.
Amo o que eu faço apesar de não ser perfeita, mas tento fazer o melhor possível enquanto profissional. É tão gratificante você encontrar ex-alunos e eles nos dizerem que sentem saudades, isso é maravilhoso.

Participo de cursos em busca de aperfeiçoamento para a prática de sala de aula e o Gestar II está sendo muito importante para mim e também para os meus alunos.

Memorial de Regina Célia Ferreira Filgueiras






















Regina Célia Ferreira Filgueiras reside no município de Conceição do Castelo desde o seu nascimento em 26/04/, sempre foi uma aluna dedicada, estudiosa e amante das letras, estudou em escolas públicas desde a tenra idade: E.E.E.F.M.”Prof Aldy Soares M. Vargas” e atual U.M.E.F. Elisa Paiva. Diariamente era incentivada pelos pais Júlio Ferreira e Alzerina Lemes Ferreira a encontrar nos estudos sai independência financeira , e satisfação pessoal acima de tudo .

Cursou, sem problema algum, o ensino fundamental e optou por iniciar o curso do Magistério cujo término aconteceu em 1987. Logo em seguida, presta vestibular na São Camilo (FAFI), Cachoeiro do Itapemirim iniciando o Curso de Letras Literatura. Influenciada por uma professora de português que tanto amava e admirava “ela era um espelho para mim”.

No 1° ano da faculdade de Letras, ingressa na carreira do Magistério dando ingressa na carreira do Magistério dando aulas para alunos de quinta a oitava séries na mesma escola onde haveria estudado , na E.E.E.F.M. Prof Aldy Soares Merçon Vargas , localizada neste município, onde esta trabalhando até os dias atuais. Após o termino da Faculdade de Letras fez varias (03) Pós-Graduação na área da educação e vive se aperfeiçoando em vários cursos até hoje. Gestar II, por exemplo.

O motivo que a levou a ingressar na carreira do magistério foi o amor pelas letras, a identificação total com a disciplina de Língua Portuguesa e acima de tudo, o prazer, a satisfação, ao ensinar, e o observar que os seus alunos iam rompendo a barreira do analfabetismo, da ignorância e da falta de conhecimento.

Acredita-se ser da responsabilidade do professor a formação de um cidadão melhor, de um governo melhor, de um mundo melhor, sendo assim, não podemos perder a esperança em nossos alunos, nem na educação de modo geral. Nossos alunos de hoje , mudarão o seu futuro amanhã e o futuro do país através da educação.

Memorial de Tatiana Bromerschenkel Patrocínio

























Em toda a minha infância tive muito apreço pela leitura e escrita. Sempre fui muito desenvolta com as palavras escritas, embora não seja do mesmo modo com as palavras faladas.

Em um primeiro momento de minha vida quis ser professora, mas era um sonho de criança que gostava de pegar giz no quadro para levar para casa e brincar de escolinha na porta do guarda-roupa (para desespero de minha mãe). Porém, com a passar de poucos anos, me encantei com a profissão de dentista, devido à ótima que tive e fixei isto me minha mente. Passei as séries iniciais do Ensino Fundamental com este pensamento e as finais também.

Ao ingressar no ensino médio tive um contato com dois determinantes fundamentais para a profissão que estou hoje: a Literatura e a professora esplêndida que tive.

Começo pelo segundo, pois sem sua maneira de apresentar os conteúdos eu não teria me apaixonado tanto pelo primeiro item citado. Seu nome nunca esquecerei, Sônia Furtado, sem dúvida a melhor professora do universo, nem em minha formação do ensino superior tive um professor que me estimulasse tanto ao estudo da Língua Portuguesa. Sua serenidade me comovia e me alegrava, pois tinha certeza que minha bagagem estaria sempre cheia de conhecimento.

Minha vida estudantil sempre foi em escolas públicas, e digo isto com muito orgulho, pois minha professora nunca nos tratou como alunos públicos e sim como ALUNOS independente de nossa classe social.

Mesmo diante de tanto amor pela Língua Portuguesa e também pela professora, minha decisão sobre o futuro ainda não estava decidida, apesar da insistência de Dona Sônia para que eu seguisse seus passos acadêmicos e profissionais.

Chegando ao fim de terceiro ano do ensino médio fiz inscrição para um curso que eu cria que abordasse muito do português: Publicidade e Propaganda. Não segui meu coração e sim minha cabeça, passei, mas não compareci na faculdade, pois não era o que queria. Passei aquele ano todo em casa estudando por conta própria para no fim do mesmo ano prestar vestibular para o curso tão sonhado de Letras. Sonhava com este curso, pois amava e amo minha língua e amo também poder transmitir aquilo que sei à outras pessoas.

No início foi difícil, pois esbarrei no inglês, visto que meu curso era de dupla licenciatura e meu contato com inglês era paupérrimo, pensei várias vezes em desistir, mas conheci pessoas adoráveis que me ajudaram muito ao longo dos 3 anos de estudos longe de casa e da minha família.

Com o término do curso tive o privilégio de passar no concurso público da minha cidade onde trabalho com muita satisfação e orgulho, pois faço aquilo que amo, e assim vivo FELIZ!

Memorial de Silvana Holz




























Minha família, para começar é cheia de professores. A família da minha mãe é composta de três mulheres, todas são professoras, meus irmãos mais velhos também seguiram a mesma profissão.

Não é difícil imaginar o porquê da minha escolha, desde muito nova brincava de escolinha com os meus primos, sempre fui a professora. Na verdade, cheguei até a ensinar uma prima minha a ler palavrinhas fáceis, no dia foi aquela festa.

Minha mãe lecionava na roça, andava quilômetros de distância para chegar à escola, naquela época era frequente a chuva e o frio. Quando ainda estava no ensino fundamental, minha mãe, nas épocas de greve do estado, me levava junto na garupa da moto para ajudá-la com os deveres de leitura e tabuada. Em algumas semanas tínhamos que ficar na casa de algum aluno dela, porque chovia muito e dava bastante lama na estrada.

Assim passei grande parte da minha vida. Ao completar 15 anos fui confirmada (um rito religioso) e com 16 comecei a lecionar catecismo. Era uma sensação muito boa.

Fiz magistério e me encantei mais ainda quando comecei a fazer projetos e trabalhá-los nas escolas com as crianças, sempre fui muito querida por eles.

Desde os 18 anos leciono e a cada ano, claro, tem alguns problemas. É muito triste a chegada do fim de ano pois me apego muito aos alunos, acabo me tornando amiga e confidente, sabendo meus limites.

Gosto muito do que faço, e até hoje não me arrependo de ter escolhido essa profissão que, para muitos, não é gratificante mas para mim é preciosa e única.

Memorial de Rita de Fátima Nogueira Machado




























Através do meu memorial mostrarei a história de uma família muito feliz.

EIS AQUI MINHA FAMÍLIA: LUCIANO, LAÍSA E RITA

Nasci na minha amada cidade de Conceição do Castelo, Espírito Santo, no dia 17 de abril de 1964, filha de Alcebíades Nogueira e Maria Gonçalves Nogueira, ele comerciante e ela uma grande dona de casa. Além de mim, meus pais tiveram mais nove filhos, Maria Aparecida, Lúcia, Joaquim, Brás, Terezinha, João, Luís, Marina e Magno.

Fiz o Ensino Fundamental I na Escola Elisa Paiva, o Ensino Fundamental II na Escola de primeiro grau Santa Catarina em Santa Teresa e o Ensino Médio na EEEFM Prof. Aldy Soares Merçon Vargas.

Passei no vestibular no ano de 1991, para o curso de Letras na Faculdade de Filosofia “Madre Gertrudes de São José” de Cachoeiro do Itapemirim.

Fiz o curso de Licenciatura Plena em Letras – Português e Literatura de 1991 a 1994. Em 1998 fiz parte da turma de Pós-Graduação em Língua Portuguesa, no Rio de Janeiro. O curso durou seis meses.

Comecei a trabalhar com 16 anos em um Escritório de Contabilidade, trabalhei durante 09 anos. Mas sempre pensava em estudar para ser professora. Até que um dia a minha patroa, percebendo o meu desejo, disse que eu podia trabalhar só meio período, e estudar o magistério. Assim eu fiz, terminando o curso, conversei com a secretária de educação do município, e ela disse que quando surgisse a vaga, ela me convidaria.

Queria ser professora para poder ajudar os alunos com dificuldades. Porque quando eu frequentei a primeira série, eu apanhava muito quando não conseguia fazer as atividades, principalmente "Ciranda,cirandinha" e aquelas coordenações motoras antigas, foi um caos, até hoje lembro desses momentos com muita tristeza. Por esse motivo, procuro tratar os meus alunos com a maior paciência e dedicação, quando não conseguem fazer a atividade de um jeito, eu ensino de outro.

O tempo passava, e nada da secretária me convidar. E eu sempre comentava com minhas colegas, que gostaria de dar aulas. Até que em março de l989 recebi o convite feito pela secretária municipal de educação do meu município para trabalhar como professora. Que alegria! Não pensei duas vezes, pedi demissão do meu primeiro emprego e fui dar aula, que satisfação, iniciei ministrando aulas para uma primeira série, não tive dificuldades nenhuma, já havia alfabetizado uma pessoa. Como era gratificante o amor das crianças por mim. Todos aprenderam a ler. Atualmente, uns já são médicos, outros professores, outros pedagogos, todos têm grande admiração por mim. Me sinto muito feliz.

No ano de 1991, ingressei como professora concursada da SEDU-ES. Daí em diante passei a amar e lutar mais pela minha profissão, sempre estudando e me atualizando. No período de 2001 a 2004 fui diretora de uma escola, foi muito bom, mas não quis permanecer, sempre gostei de ficar mais perto dos alunos.

Durante o tempo que dou aulas, os meus alunos sempre me deram oportunidade de mostrar minhas habilidades e conhecimentos. Que durante os meus 20 anos de magistério procuro desenvolver.

Durante esses 20 anos sempre procurei desenvolver um bom trabalho com meus alunos, sendo sempre uma boa companheira para os meus colegas de trabalho, não meço esforços em ajudá-los no que for necessário.

Luto pela aprendizagem do meus alunos. Tenho grande afeto por todos.

Fui aprovada em dois concursos no Estado um em 1991 e o outro e 2007. O primeiro concurso passei para ministrar aulas de primeira a quarta séries e o segundo, para ministrar aulas de Língua Portuguesa no Ensino Médio. Que sonho! Cada vez mais me sinto realizada como professora, os alunos passam tudo de bom para mim. Sinto-me completamente realizada na minha profissão, só reclamo, às vezes, da distância de uma escola para outra, uma é em Conceição do Castelo e a outra é em Domingos Martins, aproximadamente 90 Km. Isso me faz perder muito tempo na estrada, tempo esse que eu poderia estar planejando coisas boas para meus alunos. Isso me deixa triste.

Para completar minha felicidade, casei-me com Luciano, em 1994, tive a minha linda filha, hoje com 15 anos, um amor de menina. Ela traz muita alegria para o nosso lar.

Desde quando iniciei o magistério, tenho participado assiduamente de cursos de educação, visando me aprimorar cada vez mais, e só tenho a agradecer a todos os professores pela paciência e em especial à “professora Maria Belisário Spadeto” que no Magistério me ensinou o traçado das letras e a escrever com clareza.

Agradeço também à coordenadora do GESTAR II, Mariza, educadora da SER de Afonso Cláudio, por ter me dado a oportunidade de participar desta formação. Não podendo esquecer da minha admirável professora Elisa Alves, agradeço a Deus por ter colocado uma pessoa tão capaz e competente no meu caminho, com sua paciência e sabedoria me incentiva a crescer cada vez mais. És exemplo de educadora. Desejo-lhes felicidades.

Um mundo Ideal

Apresentação Teatral - sexta série
Realizada na Unidade Municipal de Ensino Fundamental “Elisa Paiva”, dentro do auditório, no dia 05 de novembro de 2009.





Para conhecer o mundo ideal chegam ao palco os grandes escritores.
Jorge Amado, representado pelo aluno – Éderson
Luis Fernando Veríssimo, representado pelo aluno – Helenildo
Marina Colasanti – representada pela aluna – Taiane
Maria Clara Machado – representada pela aluna – Larissa
Ana Maria Machado – representada pela aluna -Venise
Ziraldo - representado pelo aluno - Jucelio
Bia – representada pela aluna – Ana Flávia

E o grande poeta – Mário Quintana – representado pelo aluno – Rômulo



Carlos Thiago, como apresentador, cumprimentou a todos os presentes, dando as boas vindas. Relatou o nome do teatro “Um mundo ideal” com o tema "A leitura e a escrita", a partir de conteúdo estudado no 3º bimestre - a origem da escrita - enfatizando sobre a importância da formação de leitores na sociedade e principalmente que a leitura pode nos levar a um mundo ideal.




A aluna Amanda representou a escritora Lia Luft, desempenhando o papel de bailarina. Ela fez a coreografia da canção “Um mundo ideal”. ( ABERTURA DA PEÇA)

A pequena bailarina Amanda, de 12 anos, surpreendeu a platéia ao dançar a canção "O mundo ideal", de Alexandre Pires e Eliana "



Joice, uma garota muito simpática, representou a menina Mafalda, desempenhando a função de bruxa. Essa bruxinha não gostava do mundo ideal, queria mesmo era jogar o seu feitiço na linda menina Lia. Com o seu charme e beleza, deixou todos enfeitiçados...




Os escritores estavam ansiosos para conhecer o mundo ideal, chamavam por Lia, mas ela continuava a dormir. Alguns achavam que ela estava passando mal, Jorge Amado dizia que a menina estava enfeitiçada, Luis Fernando não concordava com a ideia. Marina Colasanti teve a idéia de jogar água no rostinho dela.


Ziraldo concordou, foi no riacho pegar água, lá encontrou Ana Maria Machado, contou o que estava acontecendo, teve o apoio da amiga. Chegaram até a Lia, jogaram a água, mas ela não acordou. Continuaram buscando solução entre eles, mas nada. Até que resolveram chamar a doutora Bia. A doutora ficou preocupada, mas não conseguiu acordar a paciente. Todos ficaram pensando, pensando, pensando...




De repente, ouvem uma linda voz. Era uma poesia declamada pelo escritor Mário Quintana e, com sua suave voz, a menina lentamente acordava...

Para a alegria de todos, Lia acorda. E todos dizem que querem conhecer o Mundo ideal. Então, Lia fala com muito entusiasmo. Para conhecer esse mundo é só ler e se deixar levar pelo mundo da leitura.









DRAMATIZAÇÕES COM FANTOCHES

As alunas Tatiane e Daiana, quinta série, dramatizaram alguns fragmentos do livro:
O FANTÁSTICO MISTÉRIO DE FEIURINHA, de Pedro Bandeira.




Os alunos Dejair, Mariana e Lenerson – dramatizaram o texto da obra : O macaco Malandro deTatiana Belin.
Professora Rita de Fátima Nogueira Machado

sexta-feira, 11 de dezembro de 2009

Os livros depois dos jornais

Este projeto busca ser um alicerce na formação de educandos sensíveis leitores e criadores de sua própria história. Enfim, o objetivo principal é aproximar o educando da leitura para que através dela ele possa ler, escrever, interpretar tornando assim, um cidadão crítico e criativo.


Depois de três bimestres trabalhando com jornais, neste quarto bimestre estamos desenvolvendo o projeto Literatura na Sala de Aula.


Ao incentivar leitura, que constitui um jogo de palavras e jogo de linguagem, nosso leitor terá um olhar especial e um gosto em escrever, neste mundo fantástico que é viajar através da leitura.

Professora Lauriene Quinelato











Nossos poemas


Nossos poemas foi o nome dado à atividade de leitura realizada com as turmas de 7ª e 8ª séries da Escola de Pedreiras. Gosto de poemas e sinto que os alunos também se dedicam a esse gênero textual. Na biblioteca, eles escolheram livros de poema para leitura e descoberta de toda a poesia, ritmo e emoção próprios dessa modalidade.
No Dia do Festival da Leitura, 18 de novembro, alguns poemas foram declamados, outros musicalmente contextualizados para apreciação de todo grupo escolar. Para finalizar, eles elaboraram um livro de poesias intitulado NOSSOS POEMAS com produções próprias. Os temas foram variados e desenvolvidos com muita dedicação e entusiasmo. O livro, inclusive, já faz parte do acervo da escola.









A flor das letras

ESCOLHA DOS LIVROS






DIA DE LEITURA









CONTAÇÃO DE HISTÓRIAS









Ao iniciar o quarto bimestre na escola onde trabalho, introduzi um projeto de leitura elaborado por mim, o qual denominei de “A flor das letras”. Este projeto visa aumentar o prazer pela leitura entre os alunos de 5ª a 8ª.

Propus que lessem o livro, 1 a cada 15 dias, e na terça-feira nos reuniríamos em um campo aberto próximo à escola ou na quadra para contar as histórias.
Como já havia previsto com os alunos mais novos (5ª e 6ª séries) o trabalho foi bem mais proveitoso, pois a disponibilidade e o interesse são maiores nessa faixa etária, porém as séries finais também obtiveram êxito nas explicações orais.

Introduzi as atividades levando um acervo de livros para sala onde cada um escolheria o que mais lhe agradasse, e na segunda-feira seria “o dia de leitura”, onde os alunos poderiam ler em sala e expor suas dúvidas sobre a leitura. Todavia este dia foi banido, visto que havia muito mais conversa que leitura em sala e passaram a ler somente em casa ou no horário de recreio se quisessem.

Por ser um período curto de avaliação não tive muito tempo para me certificar se obtive muitos frutos positivos, mas diante do que pude ver, os alunos se empenharam e mostraram muito interesse em ler e, principalmente, contar aos outros a história e os ensinamentos que aprenderam com as leituras.

Para o ano que vem pretendo continuar com o projeto e atribuir atividades de escrita juntamente com a leitura. Espero que tenha sucesso.
Professora Tatiana Bromerschenkel Patrocínio

Quem conta um conto quer contar outro




Contar histórias é uma arte que sempre empolgou a humanidade, por isso essa prática sobrevive desde a mais remota antiguidade, da Odisséia, de Homero, até a Literatura de nossos dias.


O conto é um veículo de narrativas que também utiliza a comunicação visual num registro histórico e dinâmico da realidade, atendendo às diferentes necessidades do homem quanto a sua sintonia com o mundo. Assim, constituiu-se num importante recurso pedagógico de registro das transformações realizadas pelo homem, que faz a história através do tempo, desenvolvendo sua consciência crítica. Sendo assim, se é necessário fundamentar a presença do conto na escola, considerar a natureza, interdisciplinar e complementar com diferentes dinâmicas a sua importância cultural, social, histórica e artística.


O projeto de contos foi desenvolvido buscando resgatar o gosto pela leitura e o trabalho com a oralidade, valorizando contos sociais, de amor , éticos...


Observou-se que todos se envolveram e tiveram afinidades com os contos, estabelecendo, portanto, momentos de descontração e relaxamento.


PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

• Leitura de vários contos

• Textos;

• Encenação de Contos.


Professora Regina Célia Ferreira Filgueiras

O jogo do troca depois dos jornais


Com essa atividade pude perceber que os jornais não estão presentes na vida de nossos alunos. Pelo menos na escola onde leciono. E digo mais, a leitura em geral é muito pouco usada pelos alunos. Porém, eles se interessam por várias coisas que não são “escolares”.

Antes de começar a trabalhar com os jornais, pedi que trouxessem os jornais que estavam sobrando em casa. E aí, também me espantou o fato de como eles quase não têm contato com as notícias impressas.

Ao conseguir um número suficiente de jornais, levei-os para a sala de aula e a curiosidade era tanta, que tive que deixar a primeira aula só para folheá-los.

Os meninos, exclusivamente, sabiam onde encontrar notícias esportivas e os benditos classificados sensuais. Foi a partir daí, que deixamos as notícias de lado e partimos para ver somente os anúncios.

Em nosso livro didático (DELMANTO, DILETA – Português: idéias & Linguagens, 7ª série / Dileta Delmanto, Maria da Conceição Castro. – 12. ed. Reform. – São Paulo: Saraiva, 2005.) há uma unidade com esse assunto. Então depois do contato com o livro e com o jornal, pude até dramatizar o texto “Os Jornais” de Rubem Braga.

Houve a elaboração de vários textos com os temas das reportagens. Também houve muitos debates, principalmente sobre os fatos policiais. Como se interessam por fatos policiais! Também falamos sobre: pedofilia, crise mundial, pré-sal, entre outros assuntos.

Então, depois de tamanha exploração, foi o momento de cada um anunciar. Eles poderiam vender, comprar, alugar, trocar. O que era destinado à compra/venda teria um preço simbólico. Cada aluno fez três anúncios e foi montado um mural, o qual era visto por toda a escola.

Com isso, foram aparecendo “clientes” de todas as salas para “negociar” com eles. Trocaram adesivos por balas, chaveiro por cds, bijouteria por carrinhos... foi um troca-troca dos bons.


Professora Lia Matos

No mundo das fábulas


Trabalhar com fábulas é sempre um prazer. Tanto na parte histórica quanto na parte fantástica das histórias. Quem foi Esopo, quando viveu e até seus atributos físicos costumo explorar.
Foi mostrado um mapa mundi para que eles tivessem uma idéia de como as histórias se espalharam. Tudo num aspecto bem geográfico mostrando-lhes continentes, clima, idioma...

Também houve uma exposição de livros que continham fábulas. Inclusive eu levei o meu livrinho das “Fábulas de Esopo”. Na 4ª série, eu ia passando as páginas e explicava-lhes como eu e meu irmão líamos:

- Sempre depois do jantar, no quarto, enquanto o sono não chegava...

Então alguns alunos disseram que daquele dia em diante também iriam ler antes de dormir.

Nas 7as séries, os alunos levaram a biografia e tentaram fazer um retrato de Esopo. Pelas descrições, ele era caolho, corcunda e as pessoas tinham medo dele. Quando ele começava a contar suas histórias, chegavam pessoas perto dele e ouviam - já sem medo daquele escravo grego com tão estranha aparência. Com ambas as salas, o trabalho foi muito proveitoso.
Usei 4 aulas. E algumas atividades foram escritas em seus cadernos.


Também foram explorados outros autores: Monteiro Lobato, La Fontaine.
Professora Lia Matos